DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS INSTITUCIONALIZADAS: AUTOCONCEITO E AUTOESTIMA
OYAMADA, Isabella Natsumi
Acadêmica do Curso de Direito
Faculdade de Ensino Superior Dom
Bosco
Membro do Grupo de Estudos e
Pesquisas em Educação e Sexualidade - FDB
Coordenadora/Orientadora: Profª Dra
Cláudia Bonfim
PEREIRA, V. C. dos S.; ZANONI, D.; MOSER, A. M. Formação do autoconceito
e da auto-estima em crianças institucionalizadas. In: CARVALHO, M. C. N. de;
MIRANDA, V. R. (orgs.). Psicologia
Jurídica. Curitiba: Juruá, 2009.
Estaremos resenhando um artigo do
livro intitulado Psicologia Jurídica que possui 287 páginas. O livro tem como
organizadoras Maria Cristina Neiva
Carvalho – Psicóloga; Mestra em Psicologia da Infância e Adolescência –
UFPR; Professora do curso de Psicologia – PUCPR; Coordenadora, Professora e
Orientadora de Monografias do curso de Especialização em Psicologia Jurídica –
PUCPR e Vera Regina Miranda – Psicóloga;
Mestra em Psicologia da Infância e Adolescência – UFPR; Professora do curso de
Psicologia – PUCPR, e da Unicenp; Professora e Orientadora de Monografias do
curso de Especialização – PUCPR.
Os autores do artigo resenhado,
intitulado “Formação do autoconceito e da auto-estima em crianças
institucionalizadas”, que possui 18 páginas (p. 43-60), são Vanessa Cristina
dos Santos Pereira, Décio Zanon e Ana Maria Moser. Vanessa Cristina dos Santos
Pereira é Psicóloga; Especialista em Psicologia Jurídica – PUCPR. Ana Maria
Moser é Psicóloga; Doutora em Psicologia Experimental – USP; Professora do
curso de Psicologia- PUCPR; Orientadora de Monografias do curso de
Especialização em Psicologia Jurídica – PUCPR. Décio Zanoni é Psicólogo; Mestre
em Psicologia da Infância e Adolescência – UFPR; Professor do curso d
Psicologia – PUCPR; Orientador de Monografias do curso de Especialização em
Psicologia Jurídica – PUCPR.
O artigo trata de questões relativas
à formação do autoconceito e da autoestima de crianças institucionalizadas. Valores
que não são inatos pois se constroem ao longo do desenvolvimento e, por isso,
devem sempre ser analisados sob uma perspectiva social. A importância deste
trabalho se verifica diante da necessidade de identificar quais as influencias a
institucionalização tem sobre a formação do autoconceito e da autoestima em
crianças e adolescentes em situação de internamento.
Sobre o desenvolvimento humano, os
autores citam duas influencias: a hereditariedade,
ou seja, a herança genética inata que os indivíduos recebem de seus pais
biológicos; e o ambiente externo que
se materializa no mundo fora da pessoa. Os autores falam da importância do
desenvolvimento físico da criança pois este estabelece o tipo de interação que
terá e os sentimentos sobre seu próprio corpo. Por exemplo, do nascimento aos
18 meses é a fase do desenvolvimento da confiança; de um e meio a três anos, se
resume na autonomia e contraposição à vergonha e a dúvida – é importante
destacar a importância, nesta idade, da relação entre as crianças e seu
cuidadores; de dois a sete anos as crianças refletem sobre pessoas lugares e
eventos; dos 6 aos 12 anos a criança é influenciada pelo ambiente escolar.
Os autores citam o psicólogo Rogers
que define o autoconceito como um
“padrão organizado, consistente, de características peculiares do eu ou de
mim”, ou seja, é a nossa imagem de nós mesmos que determina nossos sentimentos
sobre nós mesmos e traça a diretriz das nossas ações. É importante destacar a
contribuição do autoconceito para o desenvolvimento da personalidade, pois este
não é inato, se desenvolve e evolui.
A diferença da autoestima é que esta envolve a avaliação a partir do autoconceito,
as crianças atribuem valores positivos e negativos a seus próprios atributos. A
autoestima positiva como citam os autores “funciona como se, na realidade,
fosse o sistema imunológico da consciência” (PEREIRA; ZAZONI; MOSER, 2009, p.
51). Já a negativa é influenciada pelo desejo de evitar a dor mais do que
vivenciar o prazer. É mister ressaltar que os fatores negativos têm sobre o
individuo mais influencia do que os negativos. Esse desenvolvimento deve ser
analisado de acordo com a perspectiva social, então, a autoestima de uma criança
está intimamente ligada e vinculada ao tipo de relação que tiverem com seus
pais, ou adultos importantes na sua vida – cuidadores.
Para relacionar as influencias da
institucionalização com os conceitos mencionados anteriormente, os autores
conceituam e expõem a finalidade da institucionalização, para isso citam
Goffman que define institucionalização total como “um local de residência e
trabalho onde um grande número de indivíduos com situação semelhante, separados
da sociedade mais ampla por considerável período de tempo, levam uma vida
fechada e formalmente administrada”, o motivo e o momento em que ocorre a
institucionalização é irrelevante, uma vez que ocorre há uma ruptura.
Não importa, no caso da
institucionalização, a história de vida, os valores e crenças do indivíduo,
quando este é institucionalizado estes fatores que contribuem para o
desenvolvimento são abandonados para que se possa assimilar novas regras e
valores oriundos da institucionalização. Mesmo que o Brasil tenha sido um dos
pioneiros na elaboração de leis específicas para a criança e o adolescente,
existem aqui, milhares de crianças institucionalizadas. O uso da internação, é
considerado, expressamente, como ultimo recurso, porém, não é o que se
verifica. A ruptura dos laços afetivos traz graves consequências para o
desenvolvimento da criança, a dor provocada faz com que tema o apego humano,
por considerá-lo um “investimento perigoso” e assimila as relações com a falta
de confiança.
Diante dessas considerações os
autores questionam o processo de formação do autoconceito e da autoestima de
crianças institucionalizadas, tendo em vista que nas instituições há, sem
dúvida, a privação das relações sociais, já que os internos são privados de sua
liberdade e do relacionamento, isto é, a criança é privada de observar os
outros e consequentemente de se auto-observar, além de sofrer ao ser rotulada
ao retornar ao ambiente escolar. Os dissabores experimentador pela criança
institucionalizada faz com que elas acreditem que não são merecedores de
felicidade. Outro aspecto importante a ser considerado é que a criança passa a
ter o sentimento que só será digna e adequada se o seu comportamento e
desempenho for valorizado pelas “regras” do abrigo. Se conclui que nesse
ambiente, onde a ausência de individualidade é regra, é grande a possibilidade
de que a criança se desenvolva apática e revoltada, com carência afetiva e
baixa autoestima, favorecendo a marginalização deste individuo.
Os autores concluem que a atual forma
de institucionalização que se funda na proteção arrepia o direito à liberdade e
à dignidade da criança e do adolescente. Esta obra não tem como objetivo
questionar a necessidade da institucionalização e sim como está se dá e suas
consequências. Portanto os autores assim concluem “o tema exposto coloca-se
como ponto propulsor para novas reflexões, estudos e investigações sobre o
assunto do menor institucionalizado, de tal maneira que se encontre novas
possibilidades de atendimento à criança abandonada” (PEREIRA; ZAZONI; MOSER,
2009, p. 60).
Este artigo foi resultado de uma pesquisa
bibliográfica utilizando uma abordagem qualitativa.
A autora tem como referência
principalmente os seguintes doutrinadores: Bee, que fala sobre a importância do
desenvolvimento das crianças e adolescentes; Papalia, Olds e o psicólogo
humanista Rogers, que conceituam autoconceito; Coopersmith e Badren, que conceituam
autoestima; e Gollfam que aborda o tema institucionalização.
Os autores abordam o tema com clareza
e coerência, o objeto é conciso, o qual busca fazer com que outros
pesquisadores explorem o assunto, que é de suma importância para o
desenvolvimento da humanidade. Mas, é mister observar que tal obra é mesmo para
incentivo à busca de novas pesquisas pois o tema exige um estudo mais
aprofundado, com embasamento teórico, legislativo e social, para que se
aproxime, então, de uma conclusão mais real e consequentemente buscar a solução
para o problema.
Esta obra pode ser indicada ao
público em geral, observando a linguagem usual que possibilita o entendimento.
É mister destacar a importância do tema para a sociedade que, sem conhecimento
de fato sobre o assunto, pode deixar de contribuir para uma significativa
melhora do quadro social dessas crianças institucionalizadas. Porém, é um
assunto importante a ser estudado por estudantes e pesquisadores das áreas de
direito, psicologia, psicologia jurídica e também sobre a sexualidade e a
educação sexual.
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