ESSE MUNDO DIGITAL, TEM DIGITAIS? Uma Análise Crítica das Relações Afetivas e Sexuais na Sociedade Pós Moderna
BONFIM, Cláudia
Nos dias 19 e 20 de abril de 2012, estivemos participando do I Encontro Internacional sobre o Uso
de Tecnologias da Informação por Crianças e Adolescentes/Jovens adultos:
E.S.S.E. MUNDO DIGITAL, promovido pela Coordenação de Telemedicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCM-UERJ), realizado no Colégio dos Cirurgiões no Rio de Janeiro.
Entre os participantes do evento estavam presentes Profissionais das áreas de saúde, tecnologia da informação, comunicação,
educação, sistema de garantias de direitos, pais e demais interessados que
lidem com crianças/adolescentes usuários das TIC.
O objetivo central do encontro era apresentar temas relevantes e promover debates com a participação de
especialistas brasileiros e internacionais sobre como transformar o uso da
internet numa fonte mais segura, ética, educativa e saudável de conhecimentos,
além de uma ponte de diálogo entre as gerações.
Diversos temas foram abordados entre os quais destacamos
Tecnoestresse
e transtornos de comportamentos/dependência à internet
Cyberbullying,
sexting, grooming, abusos on line, pornografia, pedofilia e exploração sexual
O
papel da escola e da educação digital: queda ou melhora no rendimento escolar
Violência
online / Cybercrimes e Questões legais associadas ao uso da Internet
Inclusão
e exclusão digital
Redes
sociais
Direitos
humanos e segurança na internet
Ética
e valores na era digital
Apresentamos dois trabalhos que produzimos dentro do Grupo de Estudos e Pesquisas em
Educação e Sexualidade – GEPES da
Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco, financiado pelo Programa de Educação
Tutorial do Ministério de Educação (PETMEC) e pela Capes e fui acompanhada das
alunas do grupo Cintia Cezário e Isabella Oyamada que além de participarem das palestras também ficaram responsáveis juntamente comigo pela entrega de folders do Grupo para divulgação aos participantes dos trabalhos do Gepes PET MEC FDB CAPES.
Apresentamos dois trabalhos na categoria pôster, um mostrando que o uso excessivo e inadequado
pode ser negativo e promover a desumanização das relações afetivo-sexuais, mas
o outro trabalho apontando que isto é dialético, pois se soubermos
utilizar adequadamente as tecnologias de informação estas podem ser um rico
recurso educativo, e promover a formação da consciência crítica e a humanização
da vivência da sexualidade. Atualmente,
as crianças e os adolescentes vivem em dois mundos: aquele que todos nós
conhecemos o mundo real, e o mundo digital. Na busca pela autonomia e de sua
própria identidade, vão enfrentando oportunidades interessantes e surpreendentes
que aparecem, mas também perigos e riscos à saúde, à segurança, além de
questões éticas, legais e educacionais. No mundo digital todos vivem
conectados, seja pelo computador ou pelo telefone celular, com linguagem
própria e constantes mudanças de comportamento. A internet atravessou
fronteiras, dissolveu barreiras culturais, penetrou bloqueios políticos,
vaporizou diferenças sociais e cresceu mais rápido e em todas as direções,
superando expectativas e certezas tecnológicas num mundo globalizado e cada vez
mais conectado. Qualquer conhecimento ou
informação está disponível com o apertar de um botão. Usada com respeito e
cuidado, as tecnologias da informação e comunicação (TIC) podem oferecer aos
jovens uma perspectiva mais abrangente do mundo à volta. Mas existem riscos à
saúde, quando se extrapolam os limites entre o real e o virtual, entre o
público e o privado, entre a intimidade e o isolamento com a distorção dos
fatos, de dados ou das imagens “reais”. A repercussão do uso excessivo ou
inadequado destas tecnologias tem provocado efeitos no desenvolvimento de
crianças e adolescentes tanto na saúde corporal como mental e comportamental,
inclusive influenciando nos estilos de vida e nos relacionamentos sociais e
sexuais. Computadores nas escolas e universidades sem treinamento prévio dos
professores podem significar avanço ou perigo à vista, assim como nas
lan-houses ou mesmo na sala de qualquer família que nem sabe do que acontece no
dia-dia de seus filhos.
Neste post apresentamos brevemente um dos trabalhos apresentados intitulado: A
VIVÊNCIA DA SEXUALIDADE NA ERA VIRTUAL. ESSE MUNDO DIGITAL, TEM DIGITAIS? Uma
análise crítica das relações afetivas e sexuais na sociedade pós moderna
Leia abaixo e ouça nosso áudio post para acompanhar na íntegra nossas reflexões.
Após o estudo considera-se, que na era virtual o homem a sensorialidade e o erotismo perderam espaço a pornografia; o diálogo real para as mensagens digitadas ou pela webcam; diminuindo-se o convívio real, o toque, inclusive entre amigos e familiares (pais e filhos, marido e esposa, namorados) tem sido substituído por relações virtualizadas, o toque por imagens. Entendendo a sexualidade como desenvolvimento e relacionamento humano em todas as suas dimensões: familiares, afetivas, sociais e sexuais, podemos afirmar, que nesse mundo digital, as relações não são marcadas pelas digitais humanas (tato, toque, abraço, beijo, carinho, afagos, mãos, pele, olfato, cheiro, etc.).
As pessoas vivem conectadas com milhares de pessoas no mundo virtual, mas ao mesmo tempo, estão ou sentem-se completamente solitárias no seu mundo real. Até mesmo o sexo que torna-se mecanizado. Se por um lado, as tecnologias de informação, em especial a internet e as mídias e redes sociais contribuem para aproximar os que estão distantes geograficamente, inconscientemente, a forma de agir do homem pós-moderno estimulada através destas tecnologias têm levado muitas pessoas a se distanciarem dos que estão próximos; o que contribui para a desumanização das relações afetivas e sexuais e consolida uma visão reducionista de sexualidade, onde próprio ato sexual torna-se cada vez mais instintivo, mecanizado, hedonista e genitalizado. O que nos convoca para um trabalho na contramão desse viés, visando promover a humanização da sexualidade para que esta possa ser vivida de maneira plena, qualitativa, saudável, prazerosa e com responsabilidade ética, afetiva e corporal. No tocante às relações afetivas e sexuais neste mundo digital, falta literalmente, sentirmos as verdadeiras digitais."
(Profª Dra Cláudia Bonfim)
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